Bispo auxiliar lembra que onda de violência atinge bairros mais pobres da cidade
SÃO
PAULO - Em nota divulgada nesta sexta-feira, a Igreja Católica afirmou
que a violência na periferia de São Paulo é "fruto do descaso, da falta
de políticas públicas, investimentos nos serviços básicos, defesa dos
direitos humanos, promoção da vida com dignidade para todos" e pede uma
parceria do governo com a sociedade civil para por fim aos conflitos,
reunindo a Polícia Militar, entidades e organizações populares para
encontrr um caminho para superar a barbárie.
Assinada pelo bispo
auxiliar de São Paulo, dom Milton Kenan Júnior, a nota afirma que muitas
paróquias e comunidades estão sendo obrigadas a mudar horários de
celebrações e encontros e cancelar reuniões devido à falta de segurança e
ao clima de ameaça, com toque de recolher já no período da tarde e
assassinatos durante a noite e madrugada.
O bispo afirma que as
comunidades do Jardim Ângela, Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim São
Luiz, na Zona Sul de São Paulo, registraram 49 mortes de jovens entre 14
e 29 anos. Na zona norte, afirma, as mortes se concentraram na região
da Brasilândia, nos bairros Carumbé, Cruz das Almas, Guarani, Damasceno,
Morro Doce e adjacentes.
"É lamentável ver que a Polícia Militar
esteja tornando-se única vítima deste cenário, quando na verdade, não é!
Lamentamos a morte das dezenas de policiais nestas últimas semanas.
Muitos deles pais de família, preocupados com o bem estar das pessoas,
mortos no exercício de sua missão. Mas, fere-nos ouvir que há grupos de
extermínio formados por policiais civis e militares, pagos para matar
indiscriminadamente. Não são poucas as famílias que choram a morte de
seus filhos inocentes, que morreram não por causa de uma bala perdida,
mas por causa de policiais que matam pelo prazer de matar, sem escrúpulo
algum!", diz a nota.
O bispo afirma que quem convive nessses
bairros conhece a precariedade dos moradores em vários setores, como
saúde, educação, lazer e segurança. Para ele, as cenas de truculência
estão ocorrendo contra a população mais pobre e desprotegida.
"Seria
lamentável a criminalização das populações da periferia da cidade de
São Paulo, ou seja, que os ‘culpados’ da barbárie que sofremos fossem os
negros, os pobres e os jovens", diz a nota.
O bispo auxiliar cita
ainda os vários incêndios ocorridos em favelas este ano, sabidamente
cobiçados pela especulação imobiliária, e lembra que a Pastoral
Carcerária vem chamando a atenção para a super população no sistema
carcerário do estado, que duplicou no primeiro semestre deste ano.
Fonte: http://oglobo.globo.com
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