O papa Bento XVI anunciou que renunciará ao cargo
Foto: Alessandro Bianchi / Reuters
A Igreja Católica Apostólica Romana inicia uma nova etapa no dia 28 deste mês, quando o papa Bento XVI, 85 anos, renuncia ao pontificado. Segundo o professor de direito canônico Paulo Bosco, da Universidade Católica de Brasília (UCB), há uma necessidade latente de renovação na Igreja, mas ocorre em meio a uma série de expectativas sobre o sucessor de Bento XVI. Segundo o professor, o próximo papa deve ser, sobretudo, um "agregador".
"É uma nova etapa da Igreja que se inicia sob o ponto de
vista da esperança, pois há uma necessidade de renovação", disse Bosco à
Agência Brasil. "O papa é o sucessor de São Pedro, aquele que
deve saber lidar com a diversidade e ser agregador. Deve ter também o
poder de congregar", ressaltou.
O processo de escolha do novo papa começa imediatamente
após a renúncia. O padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor da
Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), explicou
que essa fase inicial é chamada de período de conversas prévias. Pela
legislação que rege a eleição, há um prazo de 15 dias para esperar pelos
ausentes até que comece o conclave, o que deve ocorrer de 15 a 20 de
março.
O conclave - expressão que vem do latim e significa "com
chave" - reúne os cardeais que têm menos de 80 anos. No total, são 209
cardeais, mas apenas 117 votarão no conclave. O processo de escolha
começa com um juramento de segredo absoluto sobre todos os
procedimentos. Dos eleitores, 50 foram nomeados por João Paulo II e
67 por Bento XVI.
No conclave, estarão representados os cinco continentes:
Europa, com 61 cardeais; América Latina, com 19; América do Norte, com
14; África, com 11; Ásia, com 11; e Oceania, com um. Os países que têm
mais cardeais eleitores são a Itália, com 28, os Estados Unidos, com 11,
a Alemanha, com seis, o Brasil, a Espanha e a Índia, com cinco cada um.
Corrêa Lima lembra que, durante o conclave, os cardeais
ficam isolados e que a votação ocorre também de maneira sigilosa. No
momento de votar - em um pequeno pedaço de papel retangular no qual está
a frase Eligo in Summum Pontificem (Elejo como Sumo Pontífice) -, o
cardeal deve escrever na parte inferior, procurando disfarçar a letra, o
nome do seu candidato.
A cédula de votação é dobrada duas vezes e levada para o
altar. Todo o processo segue um rito. A cédula é depositada no altar no
qual está uma urna em que cada cardeal pronunciará: "invoco como
testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado
àquele que, segundo Deus, julgo deve ser eleito".
Se não houver consenso, haverá votações de manhã e à
tarde. Caso não haja acordo depois de três dias, estabelece-se prazo de
24 horas de interrupção para oração. O período de um dia é chamado de
reflexão espiritual. Em seguida, são retomadas as votações. Sem êxito,
após um período máximo de nove dias, os cardeais eleitores serão
convidados a dar sua opinião sobre o modo de proceder em busca de
consenso.
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