Hoje, há um grande esvaziamento espiritual no mundo inteiro. O povo está caindo na indiferença religiosa. O relacionamento com Deus tem se tornado fraco, principalmente por aqueles que já O conhecem ou tiveram uma profunda experiência com Ele.
O mal de tudo isto é a chamada tibieza, que em primeiro lugar é hesitação em responder ao amor de Deus. E se diz ser também frouxidão, fraqueza, indolência, falta de ardor, ser morno... A tibieza é o hábito não combatido do pecado venial. A tibieza tem levado muitos à prostração espiritual, ao desânimo para com as coisas de Deus. Muitos têm caído no sedentarismo espiritual e se acostumado com a presença e ação de Deus na sua vida e no mundo. Nada para a pessoa tíbia é interessante ou novo, tudo vira rotina para ela.
Há um profundo rompimento com a intimidade com Deus. Deus se torna tão banal para o tíbio que, muitas vezes, nem mesmo existe mais um relacionamento com Ele. E além disso, torna-se uma pessoa morna em tudo.
Mas o Senhor adverte aos que são mornos: "Conheço a tua conduta. Não é frio, nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio ou quente, estou para vomitar-te de minha boca" (Ap 3,15-16).
Hoje, cresce entre os católicos a falta de ardor, até mesmo entre os consagrados, padres e religiosos. O ardor, o fervor em ser de Deus foi se perdendo de maneira assustadora. E a vida com Deus, para muitos, torna-se um peso ou apenas um trabalho. De maneira que se perde o verdadeiro sentido missionário e o amor por ser do Senhor.
Outras coisas que caíram na tibieza foram alguns grupos de oração, nos quais não há mais o fervor dos inícios, onde o Senhor podia agir de maneira esplêndida com a abertura das pessoas, tanto dos que estavam à frente, como daqueles que os freqüentavam.
Por isso, muitos têm deixado a Igreja, por falta de fervor e ardor na vida espiritual. Inclusive muitos padres deixam o ministério, porque perderam o sentido da sua vocação, deixando-se ser levados pela tibieza, esfriando na vida de oração, na intimidade com Deus e, assim, acabam por despencar no sedentarismo e ativismo. A vida vira rotina quando não se faz mais as coisas com fervor. Perdeu-se a empolgação missionária e o gosto de ser consagrado ao Senhor.
Assim, muitos grupos de oração perderam o essencial, que é a intimidade com Deus, a vida no Espírito e o ardor na oração. Deixando-se ser apenas conduzidos pela razão humana afim de entender as coisas do Espírito. A tibieza entrou na vida de muitos grupos por causa da disputa por cargos, onde um quer ser melhor que o outro, e mesmo a inveja também foi entrando nos grupos.
Precisamos voltar ao primeiro amor, ao fervor no Espírito Santo. Onde é sanada toda raíz de tibieza que foi tomando conta da nossa vida espiritual.
A tibieza nos amarra aos pecados, principalmente, aos vícios e aos veniais. Ela retira nossa força de lutar para sermos mais de Deus e superarmos os nossos pecados e falhas. E acabamos nos acostumando com o "feijão com arroz de todo os dias" da vidinha de oração que temos. Contentamo-nos com o pouco, sabendo que Deus tem o muito para nos ofertar.
Acabamos cometendo pecados de olhos abertos, com plena consciência, aceitando-os numa boa, sem que sequer façamos algum esforço para evitá-los.
A tibieza impede a nossa santificação.
São Gregório escreve: "a tibieza, que deixou o fervor, cai no desespero".
A tibieza é um fermento do diabo, que quer arrastar todos para o inferno, a começar por aqueles que estão na vida com Deus. O tíbio, mesmo diante da Eucaristia, torna-se insensível. O seu coração se fecha à ação do Espírito e o novo que Deus tem para sua vida. De modo que acaba por tornar-se uma pessoa carrancuda, mal-humorada, triste, insatisfeita, rancorosa, entristecendo-se com o progresso espiritual do outro. Perde, de fato, o sentido da vida, e por fim tende a abandonar tudo, todo progresso espiritual com Deus.
Mas, se o tíbio não abandonar tudo, vai fazendo com os outros, que estão na caminhada ou na comunidade com ele, vão esfriando na fé também, tornando-se tíbios como ele.
Precisamos combater a tibieza de nossa vida e de nossa comunidade.
Reinaldo Cazumba da Silva - Sem.Canção Nova-Palmas
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