Os antigos hebreus não escreviam como nossos historiadores modernos. Os onze primeiros capítulos do Gênesis, por exemplo, não foram escritos como um curso sobre as origens da humanidade, muito menos ainda como lições de astronomia, ou de história natural. Esses capítulos, apresentam, numa linguagem simples e figurada, as verdades fundamentais necessárias ao conhecimento da mensagem da salvação. Um poeta não escreve como um cientista, pois toma muitas liberdades, como imagens, comparações, amplificações. Parábolas e fábulas, por exemplo, são bem sugestivas para ajudar a compreender mensagens profundas e abstratas. Os hagiográfos (autores inspirados) não desperdiçam tais meios. Dessa forma, procuram inculcar mais facilmente no espírito do leitor um ensinamento religioso. Por isso, os textos sagrados não podem ser lidos uniformemente.
Para bem interpretar a Escritura é preciso estar atento àquilo que os autores inspirados quiseram realmente afirmar e àquilo que Deus quis manifestar-nos pelas palavras deles. Há que levar em conta a pessoa do autor, seu tempo, os costumes da época, o modo de escrever, as influências. A Sagrada Escritura deve também ser lida e interpretada com a ajuda daquele mesmo Espírito que a inspirou. Tudo o que concerne à maneira de interpretar as Escrituras está sujeito, em última instância ao juízo da Igreja, que exerce o mandato e o ministério divino de guardar e interpretar as Escrituras. Somente dentro de uma correta interpretação da Palavra de Deus, comprovamos que a Bíblia não contém erros, nem se contradiz. Na verdade, um fato explica o outro, um texto completa o outro.
Em meio à sede de conhecimento bíblico, muitas pessoas alimentam o desejo de ler a Bíblia por inteiro. Para que, com esta prática, não seja diminuído o amor e o interesse pela Palavra de Deus, é muito aconselhável que leitura se faça a partir dos livros mais fáceis, conforme apresentado no roteiro que segue:
- Cartas de São João;
- Evangelhos;
- Atos dos Apóstolos;
- Pentatêuco;
- Livros Históricos;
- Demais cartas do Novo Testamento;
- Livros Sapienciais;
- Livros Proféticos;
- Apocalipse.
Para a caminhada com este roteiro, sugere-se que o Livro dos Salmos seja lido intercalando-se com as demais leituras. Este é um possível caminho capaz de ajudar na compreensão da Bíblia.
Diariamente, a Igreja, em sua liturgia, lê a Bíblia a seus filhos. Há diversos blocos bem selecionados, os quais:
- introduzem o espírito nos mistérios particulares da Redenção (Advento, Natal, Quaresma, Páscoa);
- falam de Deus e do mistério da salvação no dia a dia (Tempo Comum);
- apresentam as motivações do heroísmo cristão (Próprio dos Santos);
- preparam a alma para os sacramentos e para as demais circunstâncias da vida particular e da vida social.
Acompanhar as leituras bíblicas que a Igreja apresenta diariamente constitui-se numa prática excelente que permite descobrir as íntimas conexões que existem entre os dois Testamentos, assim como apoderar-se de verdades importantes para a edificação da fé. Por isso, aconselhamos esta prática de leitura da Bíblia, que nos permite seguir continuamente àquilo que a Igreja nos apresenta em sua liturgia. O roteiro de leituras pode ser encontrado nos apêndices das bíblias católicas ou ainda em calendários litúrgicos publicados por editoras católicas (Você também pode encontrar este roteiro aqui no nosso blog - ver parte esquerda, seção Liturgia Diária).
Na leitura de qualquer trecho da Escritura, sugere-se fazer uma leitura orante da Bíblia, um método conhecido como Lectio Divina, composto de quatro partes importantes:
- Leitura – ler bem e sem pressa, procurando adentrar-se no que o texto diz;
- Meditação – com muita calma, aprofundar-se, procurando destacar pontos importantes;
- Contemplação – parar, admirar, orar em cima daquilo que o Senhor apresenta diante do texto bíblico;
- Ação – a leitura da Bíblia exige, transforma, muda o jeito de pensar e de comportar-se; deve levar ao apostolado.
Organização: Grupo de Formadores da RCC Camocim
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