O dom das línguas é uma oração que se faz a Deus, é uma forma de glorificá-lo. Quem ora em línguas não ora aos homens, mas a Deus (cf. 1 Cor 14, 2). O Espírito Santo sabendo do que o orante tem necessidade, faz ao Pai o pedido certo e na hora certa, do jeito que Deus quer. Por isso, pode-se dizer com fundamento que orar em línguas é “orar no Espírito”, pois é emprestar a mente e a voz para que o Espírito Santo ore. “Apesar de a inteligência não assimilar nada, de não compreendermos o que falamos, cantamos ou oramos, sentimos que algo nos toca profundamente (...), sentimos que o mais profundo do nosso ser comunga de maneira especial com Aquele que nos criou e ao qual pertencemos” (Renovação Carismática Católica, Carismas, p. 77).
O dom das línguas aprofunda a oração e a união com Deus. Trata-se de uma oração individual, mesmo se feita em assembléia (1 Cor 14, 4). Uma ou outra vez, porém, pode assumir a forma de mensagem à comunidade; neste caso, necessita-se da interpretação. Mesmo sendo um dom para a edificação pessoal, isto não exclui a finalidade comum que têm todos os carismas: a edificação mútua, a construção do Corpo de Cristo (cf. 1 Cor 12, 7. 27 – 30).
Para orar em línguas, muitas vezes devem ser rompidas as barreiras do medo, das dúvidas, da incredulidade, do respeito humano, do apego à auto-imagem, entre outras. Embora não se compreenda o significado, verifica-se uma nova dimensão da oração. Poucas frases bastam para que aquele que recebe o dom se sinta envolvido pelo mistério e possuído por um profundo sentimento de alegria e paz. Desta forma, a presença de Deus se torna aconchegante, indiscutível, quase palpável. O dom das línguas favorece a manifestação dos demais dons.
Ao orar em línguas, a pessoa não fica estática, nem entra em transe, mas continua no pleno domínio de suas faculdades, sabendo o que está fazendo, podendo perfeitamente controlar o tom da voz, para estar em harmonia com as demais. A pessoa é livre, podendo começar e terminar quando quiser. Porém, é necessário que o receptor colabore com o Doador – o Espírito Santo. A Este cabe a moção e a inspiração das palavras, enquanto que àquele, o desejo, a aceitação e a decisão de orar. Esta oração não suprime a oração formal, antes a completa e a enriquece. Ela exige a atitude de render-se ao Espírito; é como uma porta baixa pela qual só passa quem se curva um pouco.
É possível indicar alguns benefícios do dom das línguas:
a) favorece a intimidade com Deus, sem necessidade de pensar, formular preces, mas, num abandono confiante, mergulhar nas profundezas do Espírito;
b) abre a pessoa para os demais carismas, porque mantém o espírito em alerta para o que Deus que falar ou fazer.Geralmente, a palavra de profecia ou a interpretação das línguas vêm durante ou após a oração ou cântico em línguas. Da mesma forma a palavra de ciência, o dom de cura e assim por diante.
c) ajuda a orar por determinadas coisas das quais a pessoa foge de colocar na presença de Deus, problemas interiores nos quais prefere não tocar;
d) é também um dom de unidade para os cristãos (At 2, 5 – 6).
Acima de tudo, o dom das línguas auxilia no processo de santificação pessoal, pois submete o espírito ao Espírito, proporcionando uma oração eficaz.
Bibliografia consultada: Escola de Formação Paulo Apóstolo - Módulo Básico (Apostila 2).
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