O relator-mor do Sínodo dos Bispos de 2012 diz que a sociedade atual está a ser percorrida por um “tsunami de influência secular” que ameaça destruir o campo de evangelização.
Em
declarações reproduzidas esta segunda-feira pela Rádio Vaticano,
relativas ao segundo dia de trabalhos da 13ª assembleia geral ordinária
sinodal, o cardeal Donald Wuerl alerta para ameaças como o
“individualismo”, o “racionalismo” e a “redução drástica na prática da
fé” no meio das comunidades.
Para
o arcebispo de Washington, a Igreja Católica tem vindo a deparar-se com
uma barreira “intelectual e ideológica” que dificulta o anúncio da
mensagem de Cristo, já que estão em questão conceitos como o “bem comum” e a “distinção entre bem a mal”.
Se
os missionários do passado foram obrigados a percorrer “grandes
distâncias geográficas” para levar o Evangelho aos outros, os
missionários do presente estão a ser confrontados com “distâncias
ideológicas igualmente imensas”, sem sequer saírem do seu bairro, aponta
o prelado norte-americano.
No entanto, aquele responsável sustenta que esta mudança foi também favorecida pela atuação da hierarquia católica.
Reportando-se
mais concretamente à situação no seu país, o relator-mor recuou às
décadas de 70 e 80 do século XX, um período marcado pela “escassez
catequética” e por algumas “aberrações” cometidas “na prática da
liturgia”.
O
prelado norte-americano lembrou também os casos de pedofilia que
envolveram sacerdotes e religiosos, considerando que “os pecados de
poucos” alimentaram a desconfiança nas estruturas da Igreja.
Apesar
do cenário negativo, o cardeal Donald Wuerl considera que ainda é
possível dar um novo rumo à relação com Deus, sobretudo através da
família, “primeiro elemento constitutivo da comunidade” e “modelo-lugar
da nova evangelização”.
Para
isso, os cristãos precisam de “superar a síndrome do embaraço” de
anunciar Jesus e ao mesmo tempo privilegiar o testemunho, porque
evangelizar significa “oferecer a experiência do amor de Cristo” e não
“dar uma tese filosófica de comportamento”, aponta o relator-mor.
O Papa inaugurou este domingo a 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que se vai prolongar até ao próximo dia 28.
A
iniciativa é dedicada ao tema “A nova evangelização para a transmissão
da fé cristã”, contando com a maior presença de participantes na
história destes eventos: 262 cardeais, arcebispos e bispos, a que se
juntam peritos e outros convidados, incluindo representantes de outras
15 Igrejas cristãs.
Entre
os presentes incluem-se dois representantes da Conferência Episcopal
Portuguesa: D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto,
bispo de Lamego.
O
Sínodo dos Bispos, criado pelo Papa Paulo VI em 1965, pode ser definido
em termos gerais como uma assembleia consultiva de representantes dos
episcopados católicos de todo o mundo.
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/
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