Jesus deu o mandamento do amor (Jo 15, 12. 17). São Paulo apresenta o trabalho apostólico realizado no amor. Não um amor qualquer, mas o amor “ágape”, amor doação a Cristo e aos irmãos (1Cor 13, 1 – 3. 9s. 13). Os capítulos 12 a 14 da Primeira Carta aos Coríntios, que tratam dos carismas e suas manifestações, são verdadeiros referenciais para se viver a vida nova, guiada pelo Espírito Santo, exercendo os dons de maneira autêntica e frutuosa. Eles contêm regras básicas e orientações seguras. Outras recomendações podem ser encontradas em Ef 4, 15. 30; Rm 12, 6 – 8; 13, 8 – 10; e 1Ts 5, 14 – 15. 19 – 21).
Jesus dá a regra pra verificar o valor do trabalho: “Pelos frutos os conhecereis” (Mt 7, 16). São Paulo também fala: “o fruto de Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5, 22 – 23). Dessa forma, o bom uso dos carismas é garantido pelo amor, que é o dom por excelência e que atribui sentido aos outros dons (cf. Renovação Carismática Católica, Carismas, p. 39). Os carismas, portanto, são fundamentados na caridade:
“Sejam extraordinários, sejam simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm utilidade eclesial, ordenados que são à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo. Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. São uma maravilhosa riqueza da graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo Corpo de Cristo, desde que se trate de dons que provenham verdadeiramente do Espírito Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas” (Catecismo da Igreja Católica, nº 799 – 800).
É exatamente por causa do amor que os dons efusos devem ser almejados (1Cor 14, 1). A motivação deve ser o uso em benefício dos outros, para ajudar o povo de Deus a alcançar a santidade. Por isso, os carismas devem ser pedidos com fé e sem temor. Embora sejam distribuídos conforme apraz o Espírito, nada impede que o crente aspire e peça dos dons, para que seu testemunho seja permeado de sinais (cf. 1Cor 2, 4 – 5). Só aqueles que reconhecem o valor dos dons na sua vida cristã e no serviço aos irmãos são impulsionados a pedi-los ao Pai, como Jesus mesmo nos ensinou (cf. Lc 11, 9s).
Para o exercício prática dos carismas, não se deve esquecer três coisas fundamentais:
a) Humildade – É preciso vigiar para não cair na tentação de achar que os dons são méritos alcançados, recompensas de Deus por esforços desmedidos. A humildade faz perceber que o cristão é um administrador dos bens do Senhor (cf. Lc 16, 1 – 3), e que nenhum “carismático” se basta a si mesmo. Deus constitui a Igreja como um corpo (cf. 1Cor 12, 12 – 29), de tal maneira que um carisma só se plenifica no conjunto da comunidade. “Exercer os carismas na humildade é exercê-los sem exibicionismo, sem buscar prestígio, honra, poder. (...) É também exercê-los sem auto-suficiência (cf. Mt 18, 3 – 4), sem individualismo, sabendo que necessitamos da ajuda dos irmãos para confirmar ou discernir a vontade de Deus para o seu povo...” (Renovação Carismática Católica, Carismas, p. 41).
b) Harmonia – O exercício dos carismas, sobretudo nas reuniões de oração, deve obedecer a um ritmo harmônico, jamais exaltado ou demasiadamente estrondoso (cf. 1Cor 14, 26s). A força de um carisma não consiste na tonalidade que lhe é imposta ou no tipo de expressão que o acompanha, mas na utilidade objetiva que tem para a comunidade. Embora marcados pela espontaneidade e expressividade, os carismas se inserem na vida cristã sem causar escândalos (1Cor 14, 33). Seu uso será tanto mais saudável e útil quanto as pessoas que a eles se abrirem forem equilibradas emocionalmente e orantes o suficiente para saber distinguir a ação do Espírito de eventuais desvaneios da pessoa humana. É necessário ter respeito pelos dons de Deus; “não podemos exercê-los irresponsavelmente, com desprezo, de forma inconseqüente, olhando os nossos próprios interesses, ou dando aos carismas um relevo tão singular e único como se fossem bens totais e absolutos sobre os quais não há nada mais excelente e primeiro” (Renovação Carismática Católica, Carismas, p. 43).
c) Ordem – A ordem n o exercício dos carismas é uma extensão da harmonia, mas supõe autoridade e obediência. (cf. 1 Cor 14, 29 – 32). O cristão pode ser instrumento da manifestação autêntica do Espírito Santo, mas o mecanismo que garante a ordem na manifestação dos carismas é, portanto, a confirmação, de maneira que os carismas individuais sejam abonados comunitariamente. Dessa forma, os dons são ordenados para a obediência, saindo do plano meramente individual, compondo a realidade conjunta do povo de Deus. Portanto, os carismas devem ser exercidos na obediência a Cristo e às autoridades constituídas. “Mas, faça-se tudo com dignidade e ordem” (1Cor 14, 40).
Bibligrafia consultada: Escola de Formação Paulo Apóstolo - Módulo Básico (Apostila 2).
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