“Mercado” internacional do “adultério” cresce no Brasil.

O  mercado internacional da traição descobriu o Brasil. Nos últimos dois  meses, três sites internacionais especializados em relações  extraconjugais abriram seus serviços no país. Juntas, a canadense Ashley  Madison, a americana Ohhtel e a holandesa Second Love contam com cerca  de 12 milhões de usuários ao redor do mundo e já reúnem mais de 370 mil  pessoas no Brasil. 
 O grande atrativo dessas redes sociais é a facilidade de se conseguir uma “pulada de cerca” de forma rápida e discreta.  Mas, se dentro dos sites a discrição é a chave do negócio, fora do  ambiente virtual as empresas têm promovido estratégias bem barulhentas  para divulgar seus serviços e apostam alto na libido e na infidelidade  dos brasileiros. 
 A  Ashley Madison, por exemplo, investiu cerca de US$ 2,5 milhões (o  equivalente a R$ 4 milhões) no lançamento de sua página no Brasil e  prevê gastar até o fim do ano pelo menos outros R$ 3,5 milhões em  marketing.
 Criado  há 10 anos no Canadá, o site é a maior rede de relacionamento  extraconjugal do mundo, com presença em 15 países e mais de 10 milhões  de usuários inscritos. O slogan é direto e dispensa metáforas: “A vida é  curta. Curta um caso”.
 No  país, o site entrou no ar na primeira semana de agosto e já bateu o  recorde mundial da empresa para um lançamento. Até a última terça-feira  (23), a empresa contabilizava 107 mil cadastros de brasileiros, que já  gastaram no site cerca de R$ 1,7 milhão. Mais de 22 mil inscrições foram  feitas em pleno domingo do Dia dos Pais, data em que a empresa publicou  seu primeiro anúncio em um jornal de grande circulação.
 “O  lançamento do Brasil nos surpreendeu. A nossa previsão era atingir 500  mil usuários em um ano, agora estamos ampliando para 1 milhão”,  afirmou em entrevista ao G1 a diretora do Ashley Madison Brasil, a  indiana Jas Kaur. Segundo ela, a empresa está preparando um jingle para  rádio e negocia com as emissoras de televisão inserções em intervalos  comerciais.
 “A  gente quer gastar dinheiro aqui. Acreditamos que o Brasil será nosso  segundo maior mercado já em 2012, só ficando atrás dos Estados Unidos”,  acrescenta a executiva. Ela afirma que a empresa estuda abrir um  escritório no país e que entre os planos em estudo está até abrir  capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
 O  comportamento do mercado brasileiro também surpreendeu os executivos do  Ohhtel. Lançado em 11 de julho, o site já possuiu mais de 206 mil  inscritos no Brasil. Com foco nas Américas, o serviço reúne 1,7 milhão  de usuários em seis países.
 “O  Brasil era a nossa maior aposta na região , mas já superou todas as  expectativas. Acredito que já no início do ano que vem iremos abrir em  São Paulo o escritório central das operações na Américado Sul”, disse  ao G1 a vice-presidente de operações do Ohhtel, Lais Priolli.
 O  grupo americano prevê investir R$ 2 milhões em marketing até o final do  ano e afirma ter interesse em patrocinar um time de vôlei ou até mesmo  de futebol.
 O  primeiro outdoor do site Ohhtel foi instalado nesta quarta-feira na  Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e promete abrir polêmica. Ao lado da  imagem do Cristo Redentor, a publicidade exibe a mensagem: “Tenha um  caso agora. Arrependa-se depois”.
 A  empresa afirma que comprou os direitos de uso da imagem do símbolo  religioso “para propósitos de publicidade” e que o objetivo foi usar “a  melhor imagem que representa a Cidade Maravilhosa” para falar com o  público carioca.
“Muitas pessoas pensam que São Paulo é mais conservadora que o Rio de Janeiro, mas nossos registros contam uma história diferente. Temos mais de 57 mil paulistas usando nossos serviços e, por outro lado, temos apenas 30 mil pessoas do Rio. Achamos que podemos atingir 100 mil membros no Rio rapidamente”, diz Lais.
 “Muitas pessoas pensam que São Paulo é mais conservadora que o Rio de Janeiro, mas nossos registros contam uma história diferente. Temos mais de 57 mil paulistas usando nossos serviços e, por outro lado, temos apenas 30 mil pessoas do Rio. Achamos que podemos atingir 100 mil membros no Rio rapidamente”, diz Lais.
No  Ashley Madison, São Paulo também lidera o número de cadastros, com  quase 50% do total. O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com cerca  de 10%.
 A maioria dos inscritos nestes sites são homens.  Na versão brasileira do Second Love, 70% dos 60 mil cadastrados são  homens e 30% mulheres. Lançado em 2008 na Holanda, o site soma mais de  200 mil usuáriosno mundo.
 Para  a diretora do Ashley Madison, a tendência é que o percentual de  mulheres aumente. “Acreditamos que no Brasil a participação das mulheres  chegue a 40%”, afirma Jas. “As mulheres não têm fama porque são mais  discretas e têm mais a perder do que os homens, mas a independência  econômica está mudando isso”.
100% gratuito para mulheres
O  serviço desses sites é 100% gratuito para mulheres. Se no mundo real a  tradição reservou aos homens o papel de pagar a bebida ou a conta,  nestes sites os homens têm que pagar para mandar mensagens para os seus  alvos e utilizar outras funcionalidades como sala de bate-papo, acesso a  galeria de fotos e envio de presentes. No Second Love, a mensalidade  custa a partir de R$ 29,90. No Ashley e no Ohhtel o modelo se baseia na  venda de créditos. Os pacotes mínimos custam, respectivamente, R$ 49 e  R$ 60.
Segundo  a executiva do Ohhtel, os dados dos brasileiros cadastrados no site  mostram que as mulheres traem tanto quanto os homens. “O brasileiro trai  muito e mais do que a média mundial. Numa pesquisa que fizemos, 65% dos  usuários responderam que tiveram pelo menos 5 casos extraconjugais. Nos  outros países, 70% dos usuários afirmam já ter tido entre um e três  casos”, afirma Lais.
Adultério saiu do Código Penal em 2005
A  pesquisa feita com os usuários do Ohhtele mostra ainda que 69% dos  homens e 62% mulheres casadas afirmam fazer sexo pelo menos uma vez por  semana com o companheiro.
“Na  nossa cultura nós aprendemos que adultério é imoral. O que nós estamos  dizendo que não é tão simples assim”, afirma a executiva. “O casamento é  mais do que apenas sexo. Trata-se de amor, filhos, finanças e, para os  católicos, uma instituição. Então para não acabar com o casamento ou  viver o resto de sua vida sem sexo existe uma terceira opção que é ter  um caso discreto”.
Jas  Kaur, do Ashley Madison, reconhece que esse tipo de serviço facilita a  prática da infidelidade, mas destaca que a traição existe desde o começo  dos tempos e lembra que o adultério saiu do Código Penal em 2005 e  desde então deixou de ser motivo de prisão no país.
“É  a mesma coisa que um motel. Vai quem quer. O que a gente está dizendo  é: ‘Se vai fazer, faça direito. Seja discreto, não vá tirar a aliança,  ir a um bar e pegar uma pessoa inocente para depois ter cobrança e  consequências indesejáveis”, afirma a diretora do site.
Mas  qual será a opinião pessoal de quem trabalha nessas empresas. Será que  seus funcionários também são usuários destes sites? “Como não sou  casada, não vejo a necessidade. Eu ainda acredito na monogamia e a  empresa sabe disso. Vejo isso apenas como um business”, diz Jas. “Não  julgo as pessoas porque não sei o que se passa no relacionamento delas.  Acho que a razão para existir a traição é as pessoas se esquecerem de se  comunicar com o parceiro”, opina.
Fonte: G1 
http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/
 
 
  
 
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