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9 de abril de 2012

Leia entrevista de Moysés, fundador do Shalom, ao Jornal ” O POVO”, de Fortaleza.

Fonte: Jornal “O POVO ” Fortaleza, Ceará
O únio filho homem entre cinco mulheres, a mãe de Moysés Azevedo prometeu fazer-lhe padre, mas foi só o menino crescer para ela ver que a batina não seria seu caminho vocacional. Ele, entretanto, encontrou seu próprio caminho para seguir no caminho de fé que a mãe desejara. Envolveu-se com grupos de oração e, ali, viu a necessidade de se doar ao trabalho de evangelização de jovens como ele.
Aos 22 anos, deu início a movimento que nomeou de Comunidade Shalom. Iniciou evangelizando jovens ao mesmo tempo em que vendia sanduíches. Uma lanchonete e, 30 anos depois, a Comunidade Shalom está presente em todo o Brasil, em outros 21 países do mundo e soma mais de 17 mil pessoas envolvidas em seus grupos de oração e outros projetos. Tamanho sucesso, ele atribuiria a Deus. Quem está de fora, porém, vê a força das novas formas de apresentar a fé como a chave para atrair milhares de fieis.
Nesta entrevista, Moysés Azevedo explica por que decidiu criar um movimento voltado para jovens, debate sobre as mudanças implementadas pela Igreja Católica para atrair os mais novos e dá a sua opinião sobre os posicionamentos da Igreja Católica em relação a temas polêmicos como homossexualismo e sexualidade. O fundador do Shalom fala ainda da importância alcançada pela Jornada Mundial Juventude e o que mudou desde a sua criação.
O POVO - Por que criar um movimento voltado para os jovens?
Moysés Azevedo - Vou contar um pouco da minha vida porque se confunde um pouco com a criação do Shalom. Nasci em família tradicionalmente católica, na pré-adolescência, comecei a querer me afastar da igreja, apesar dos meus pais me levarem religiosamente a força à missa ao domingo. Eu ia à igreja, mas não me interessava, não me falava nada, não dizia respeito a mim, nem à minha juventude naquele tempo. Foi quando aos 16 anos, tive minha experiência forte com a pessoa de Jesus Cristo, num encontro de jovens da Arquidiocese de Fortaleza. Meu coração mudou e pude ver que só em Jesus Cristo tinha aquilo que meu coração jovem buscava em tantos lugares. Só Nele eu me encontrava em plenitude. Com 18 anos, conheci a Renovação Carismática, tive uma experiência forte com o batismo do Espírito Santo. Aos 20, vamos dizer que foi a ponte para a fundação da comunidade quando o papa João Paulo II veio a Fortaleza e dom Aluísio me pediu para que, em nome dos jovens, pudesse dar um presente ao papa. Perguntei qual devia ser o presente e ele disse, não sei, você que deve escolher. Me pus em oração e o que vinha no meu coração? Os jovens da minha idade, muitos que, como eu, buscavam a felicidade, a beleza, a plenitude da vida, o sentido da vida em tantas coisas passageiras e também se sentiam frustrados e eu, sem nenhum mérito, tinha feito a experiência com Jesus Cristo e encontrado o sentido da vida. Vinha no meu coração uma necessidade de dar de graça o que de graça tinha recebido. Aí foi decidido naquela data de ofertar minha vida e juventude para evangelizar os jovens, especialmente aqueles que estavam mais distantes de Cristo e da igreja.
OP - Mas por que o público jovem?
Moysés - Porque era minha experiência. Eu era um jovem, como um jovem, eu desejava felicidade no coração de um jovem. No coração do jovem, esse pulsar e esse desejo da felicidade é intenso, por isso, tantas vezes, ele mergulha em abismos muito profundos. É o momento da vida em que mais buscamos a plenitude da vida, fazemos perguntas fundamentais: quem sou eu? Pra onde vou? Qual o sentido da existência?
OP - O Shalom foi fundado há 30 anos e até hoje se fala muito que os jovens estão perdendo referencial, se distanciando da religião. Em que momento começa perda de referencial?
Moysés – Acho que esse fenômeno que se chama de relativismo não é novo, está mais forte, mais evidente, mas a minha geração já era uma que sofria. Dentro do processo histórico, podemos dizer que a partir dos anos 60, esse processo de secularização se estabeleceu, foi uma ruptura cultural e que nós, como Igreja, como cristãos, temos que dar uma resposta. Aqui, o princípio não é de condenação para essa sociedade de hoje. Às vezes, a gente ouve esse discurso moralista, saudosista, não é o nosso. O nosso é contrário, acreditamos que o evangelho de Jesus Cristo é a melhor resposta para coração de um jovem.

OP - E na prática, o que vocês fazem para preencher o coração dos jovens com Deus?
Moysés – Nós nascemos de uma inspiração que hoje se fala muito na Igreja, da nova evangelização. No que consiste? Em apresentar para os jovens um evangelho mais light? Absolutamente, negativo. O conteúdo da evangelização é o mesmo, a verdade de Cristo, a verdade sobre o homem, mas a roupagem, a forma, o entrar em diálogo é diferente. Nós temos que evangelizar o homem de hoje, com a s características de hoje.
OP - Você pode dar exemplos?
Moysés – A arte é uma maneira formidável, sempre foi e mais do que nunca é. As grandes obras de arte; Michelângelo é uma grande obra de arte e é religião.

OP - Mas um tipo de arte da qual os jovens também não se interessam…
Moysés - Para esse tipo de arte, mas há uma que fala aos jovens de hoje. Nós fazemos, por exemplo, o Halleluya, um evento que fazemos no mês de julho e que reúne em cinco dias cerca de 1 milhão de jovens. Uma arte com a linguagem de hoje, mostrando que a beleza vai além da estética, utilizando a música, a dança, o teatro, mas como instrumentos para mostrar a mensagem que é sempre a mesma: Jesus Cristo. Outra forma: os meios de comunicação, a rádio, a internet. Muitas vezes, temos receio de entrar nas redes sociais, mas nossos jovens estão na rede social, na internet e precisamos entrar na linguagem própria deles e anunciar-lhes o conteúdo de ontem, hoje e sempre: Jesus Cristo.
OP - Você acha que as atuais posições da Igreja Católica em relação aos mais diversificados assuntos condizem com os anos 2000?
Moysés – Com certeza, esses posicionamentos não são populares, mas a igreja não está para ser popular. A igreja é perita e mestra na verdade da humanidade. Há momentos, há doutrinas que são extremamente populares, mas são extremamente danosas. Pode ser que a posição adote nem sempre seja a mais popular, mas nada como o remédio do tempo. Quando a gente vai perceber, determinados princípios que eram antipáticos, tornam-se referenciais, que sem eles, a sociedade desmorona.

OP – O Brasil ainda é um país extremamente católico, mas o número de pessoas que se anunciam praticantes de outra religião também é crescente. Isso é uma consequência dessa não compatibilidade de ideias entre igreja e o mundo moderno?

Moysés – Não acho, acho que é uma questão de transmissão da fé. Nós vivemos uma cultura cristã, recebíamos uma base de fé, mas isso foi quebrado, isso é uma realidade. Os pais já não transmitem a fé para os seus filhos porque eles já não as têm. Esse e muitos outros valores. A revolução cultural dos anos 1960 quebrou muito das transmissões de valores da nossa sociedade, um deles foi a fé e aí as pessoas ficam buscando, por conta própria, por meio de um verdadeiro supermercado religioso a sua fé. E aí é que cabe o nosso papel.
OP – Dentro do Shalom, assuntos como sexualidade e homossexualidade têm espaço?
Moysés – Tudo o que diz respeito a humano, diz respeito a Cristo e diz respeito à igreja. A sexualidade humana é uma coisa bela, ela não é feia, ela pode se tornar feia e, por isso, esses assuntos não são tabus. São para serem abordados e dentro do Shalom, à luz da verdade do evangelho, nós procuramos iluminar e ajudar as pessoas seja a situação em que ela se encontra.
OP – Sobre a Jornada Mundial da Juventude. Ela foi criada em 1984 e naquela época já era uma ideia do papa de aproximar os jovens que estavam perdendo os referenciais. O que mudou daquela época para hoje?
Moysés – Como te falei, a gente tava vendo como houve uma ruptura no doar da fé da família para os jovens e o papa João Paulo II teve uma inspiração muito forte. Ele não queria debater a problemática dos jovens, ele queria se encontrar com os jovens do mundo inteiro e dialogar. E foi um grande sucesso. O maior índice de concentração humana de toda a história do mundo aconteceu em uma Jornada, em Manilha, 5 milhões de jovens se reuniram. Interessante a gente perceber como, diante de tantos questionamentos, os jovens procuram a igreja.

OP – E o que mudou? Os objetivos iniciais continuam?

Moysés - Continuam. Eu acredito que ela realiza uma revolução silenciosa no coração da humanidade. Milhares de jovens sacerdotes são frutos da jornada. E o que esses jovens buscam? Não é um Rock’n Rio…
OP – Por quê?
Moysés – Deus é a verdade, o que o mundo de hoje não fala. As facilidades que hoje se apresentam não preenchem o coração de todo mundo.
Texto tirado de: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/

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