Entrevista com o bispo de Plasencia, Espanha
José Antonio Varela Vidal
- Aconteceu em Roma neste fim de semana o XII Congresso Europeu de
Catequese, com o tema “Iniciação cristã e nova evangelização”,
organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).
ZENIT conversou com dom Amadeo Rodríguez Magro, bispo de Plasencia,
Espanha, e membro da comissão de Ensino e Catequese da Conferência
Episcopal Espanhola.
Dom Amadeo, qual é o desafio principal da catequese na Europa?
Dom Rodríguez - A secularização. Nós vemos, hoje,
que muita gente na Europa vive como se Deus não existisse. E alguns
jovens pensam que ele não é importante para a vida. O desafio é falar de
Cristo com eles, dizer que Cristo é importante e necessário para a vida
deles.
A nova evangelização vai ajudar para isto?
Dom Rodríguez – Eu acredito que a nova evangelização
é um processo histórico que vem dos papas anteriores. A convocação de
João XIII para o Concílio Vaticano II já era uma nova evangelização… O
importante é que ela responda às necessidades e às urgências de um mundo
que está mudando muito. Deus está presente na vida da sociedade, sejam
quais forem as condições desta sociedade e as relações dela com Deus.
Como levar esta mensagem para os jovens?
Dom Rodríguez - Os jovens, muitas vezes, vivem em
certas circunstâncias em que praticamente nem ouviram falar de Deus ou
de Cristo. Existem jovens que nasceram em famílias que não os educaram
na fé. Eles se encontram em certos contextos ou diante de meios de
comunicação em que Deus não está presente como nós gostaríamos. Nós
temos que falar dele e colocar esses jovens em contato com Jesus.
Quais são os pontos principais desta mensagem?
Dom Rodríguez – Nós temos que dizer para eles que
Deus é importante para a vida. Que você tem muitas coisas, e muitas
coisas já estão resolvidas mesmo no meio da crise, mas existe algo na
sua vida que é mais importante do que tudo que você possui. Algo que vai
dar a solução para a sua vida, para os seus problemas, a solução que no
fundo do seu coração você procura, e que não vem com as muitas coisas
materiais que você possui. E isso, modestamente, nós temos e oferecemos
para você, e é Jesus Cristo.
O que precisa melhorar do ponto de vista metodológico na catequese?
Dom Rodríguez – Eu acho que nos últimos anos foi
falado muito de método e houve avanços. Mas isto é no sentido formal.
Sim, agora nós sabemos como fazer as coisas, mas o que nós temos que
fazer, fundamentalmente, é tentar chegar até a vida e até o coração das
pessoas, e lá se chega com o testemunho. Há quem diga que a catequese é
um ato de amor, porque ela é um encontro da pessoa com Jesus, da sua
própria liberdade com Jesus. Temos que oferecer uma proposta pessoal
transformada em vida, com testemunho, para que aconteça essa paixão por
Cristo.
Qual é o papel da família neste processo?
Dom Rodríguez - É fundamental! Nada pode ser feito
sem a família. Nós temos que envolver a família também nos processos da
catequese. Hoje falamos da “catequese inter-gerações”. É a família que
fecunda a fé da criança, mas as crianças também fecundam a fé dos seus
pais. Eu vejo na minha diocese, são tantos pais que recuperam o sentido
da fé e da vida cristã no contato com a paróquia e com a comunidade
cristã por causa dos sacramentos dos filhos. Basta fazermos bem o
trabalho, convidar os pais e explicar: sem vocês, não podemos educar os
seus filhos na fé. Eles precisam da credibilidade da vida de vocês, da
credibilidade da mensagem vivida, acolhida e valorizada pelos pais.
Fale-nos um pouco da sua diocese de Plasencia.
Dom Rodríguez - É uma diocese belíssima. Nós temos
duzentas e duas paróquias, e nas visitas pastorais eu encontro
comunidades cristãs que acolhem o bispo como pastor e esperam que a
palavra dele os encoraje e anime na fé. Tenho uma diocese onde há muito
para trabalhar e servir, onde ainda se acolhe a mensagem, e, apesar de
termos dificuldades, podemos fazer catequese de iniciação cristã.
O senhor gostaria de mandar uma mensagem para os leitores da ZENIT?
Dom Rodríguez - Com muito prazer! Quero saudar os
leitores, que são muitos, e são muitos porque através da ZENIT nós
recebemos a vida da Igreja, o pensamento, as opiniões, os fatos e
acontecimentos, e entramos em contato com a universalidade da Igreja. Às
vezes eu vejo que os folhetos diocesanos utilizam matérias da ZENIT.
Tenho que parabenizá-los, porque vocês estão nos nutrindo de atualidade e
do pensamento cristão.
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