A força da mãe que acompanhou Jesus no Calvário
P. Stefano Maria Pio Manelli
- A fortaleza é a virtude que brilhou em grau eminente naquela que se
manteve fiel e corajosa ao lado do Filho, acompanhando-o até ao Calvário
e permanecendo em pé ao lado da cruz.
A fortaleza é a virtude cardeal que supera os obstáculos, mantendo o
espírito firme nos sacrifícios e nas provações. É importantíssima na
vida espiritual de cada alma, já que a vida de perfeição e de santidade é
uma luta constante contra inúmeros inimigos, internos e externos. A
fortaleza cristã é força no sacrifício, coragem na luta e fidelidade na
perseverança. Com a fortaleza, o cristão domina o medo, refreia a ira,
reprime os ressentimentos, se enche de confiança e de paciência na
adversidade, mantém-se firme contra a opressão da dor e da morte. A
fortaleza demarca o caminho reto do dever sem temeridade e sem desânimo,
domando o medo com a audácia, pronta para resistir e para agir, para
suportar o ataque inimigo e partir para a ofensiva. No perigo, quando a
vida é posta em risco, ela brilha com todo o seu esplendor e, por isso, é
a glória dos mártires.
Também desta virtude, como de todas, encontramos em Maria um exemplo e
modelo perfeito, que todos devemos admirar e imitar com empenho. Ela é a
Virgem poderosa, aquela que esmaga a cabeça da serpente infernal, como
lemos na Gênesis (3,15) e no Apocalipse (12,9). Já no Antigo Testamento
encontramos prefigurada a fortaleza de Maria, como na figura de Judite,
que, ousada e brava na luta contra o inimigo Holofernes, salva um povo
prestes à desesperada rendição.
Ao cortar corajosamente a cabeça de Holofernes, comandante do
exército inimigo, ela prefigura Maria esmagando a cabeça da serpente
infernal, salvando com o Filho a raça humana, como co-redentora ao lado
do Redentor. Ao lermos na fortaleza de Judite a fortaleza de Maria,
vemos escrito que Maria era uma mulher forte, especialmente no Calvário,
a ponto de que a história da salvação a apresenta como co-redentora com
seu Filho para a salvação de todos os homens. A fortaleza e a pureza, a
beleza e a coragem brilharam radiantes em Judite, e, em todas essas
virtudes, ela prefigura a "bendita entre as mulheres" (Lc 1,42), a
mulher forte por excelência, a imaculada, a guerreira invencível que
esmaga a cabeça do inimigo com seu pé virginal.
Ao pensarmos na vida de Maria, como não supormos a grandeza da sua
força quando, menina de três anos, consagrou-se para servir a Deus no
templo, subindo as escadas com intrepidez admirável? Como foi grande a
sua coragem ao fazer um voto de virgindade a Deus, indo contra as leis
do mundo judaico! Ao aceitar tornar-se mãe do Redentor, conhecendo os
sacrifícios cruéis e heróicos que acompanhariam essa missão! Ao
permanecer, intrépida e forte, ao pé da cruz do seu Filho e seu Deus,
tornando-se co-redentora da humanidade com ele! A beleza da fortaleza, o
exemplo da Virgem Mãe, nos inspiram a santa ambição de tornar-nos mais
fortes também, e de dar à virtude infusa da fortaleza a facilidade de um
hábito adquirido. Todos podemos e devemos tornar-nos fortes para ir
para o céu, lembrando as palavras de Jesus: "O reino dos céus é
conquistado pela força, e só os violentos o conquistam" (Mt 11, 12).
Mas quais são os meios para conseguir esta virtude? O primeiro é a
oração, intensa e contínua. O segundo é a consideração diligente da
paixão de Cristo e da dor de Maria. O terceiro é a educação da vontade,
treinando-a para fazer o que nos custa, para perseverar mesmo nas
pequenas coisas. Que valor não têm diante de Deus os pequenos
sacrifícios de cada dia, a rejeição espontânea de certas satisfações? O
quarto e último meio é a vitória sobre as dificuldades atuais. Todos nos
encontramos em alguma dificuldade: interna, externa, moral, física...
São Boaventura o explica bem, dizendo que "nos acostumamos a suportar
pequenos aborrecimentos, porque quem se deixa afetar por males pequenos
nunca será capaz de tolerar os maiores". Se nos rendermos, acabamos
recuando e abrindo a porta para novas derrotas.
Mas se estamos determinados a vencer, a vitória é certa e nos abre o
caminho para novos triunfos. Vamos começar a trabalhar, portanto, sem
demora e sem vacilações. Em vez de dobrar a cabeça, levantemos a testa e
peçamos a Nossa Senhora que nos encha de confiança em Deus, certos de
que Ele nos dará todas as graças necessárias para combatermos o mal,
vencermos as barreiras e conseguirmos a santidade que ele próprio quer
de nós.
Fonte: http://www.zenit.org
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