O Papa Bento XVI
fez hoje um especial chamado aos católicos a terem uma disposição
fundamental: dirigir o coração e abri-lo docilmente a Deus para rezar na
liturgia da Igreja.
Em
sua habitual catequese da audiência geral celebrada esta manhã junto de
milhares de fiéis na Praça de São Pedro, o Papa refletiu sobre a oração
na liturgia, um espaço "precioso" que é ademais "um âmbito privilegiado
no qual Deus fala a cada um de nós, aqui e agora, e espera nossa
resposta".
“O que é a liturgia? Se abrirmos o Catecismo da Igreja Católica
– subsídio sempre precioso, direi, e imprescindível – podemos ler que
originalmente a palavra “liturgia” significa “serviço da parte do povo e
em favor do povo”. Se a teologia cristã tomou esta palavra do mundo
grego, o fez obviamente pensando no novo Povo de Deus nascido de Cristo
que abriu os seus braços na Cruz para unir os homens na paz do único
Deus. “Serviço em favor do povo”, um povo que não existe por si só, mas
que se formou graças ao Mistério Pascal de Jesus Cristo. De fato, o Povo
de Deus não existe por laços de sangue, de território, de nação, mas
nasce sempre da obra do Filho de Deus e da comunhão com o Pai, concedida
por Ele (Jesus)”, explicou o Papa .
O Papa recordou a aprovação
no Concílio Vaticano II, em 4 de dezembro de 1963, do documento
Sacrosanctum Concilium, sobre a liturgia, com o que ficou de manifesto
"muito claramente a primazia de Deus e sua prioridade absoluta. Em
primeiro lugar, Deus: isto é o que nos diz precisamente a opção
conciliar de começar pela liturgia".
“Mas podemos nos perguntar:
qual é esta obra de Deus à qual somos chamados a participar? A resposta
que nos oferece a Constituição conciliar sobre a sagrada liturgia é
aparentemente dupla. O número 5 nos indica, de fato, que a obra de Deus
são as suas ações históricas que nos levam à salvação, culminada na
Morte e Ressurreição de Jesus Cristo; mas no número 7 a mesma
Constituição define a própria celebração da liturgia como “obra de
Cristo”. Na verdade, esses dois significados são inseparavelmente
ligados”, ensinou Bento XVI.
“Se
nos perguntamos quem salva o mundo e o homem, a única resposta é: Jesus
de Nazaré, Senhor e Cristo, crucificado e ressuscitado. E onde está
presente para nós, para mim hoje o mistério da morte e ressurreição de
Cristo, que traz a salvação? A resposta é: na ação de Cristo através da
Igreja, na liturgia, em particular no Sacramento da Eucaristia,
que torna presente esta oferta do sacrifício do Filho de Deus, que nos
resgatou; no Sacramento da Reconciliação, no qual se passa da morte do
pecado à vida nova; e nos outros sacramentos
que nos santificam (cfr Presbyterorum ordinis, 5). Assim, o Mistério
Pascal da Morte e Ressurreição de Cristo é o centro da teologia
litúrgica do Concílio”, afirmou Bento XVI.
"Vamos dar um passo adiante e perguntar: de que modo se faz possível esta atualização do Mistério Pascal de Cristo? O beato Papa João Paulo II,
25 anos após a Constituição Sacrosanctum Concilium, escreveu: “Para
atualizar o seu Mistério Pascal, Cristo está sempre presente na sua
Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. A liturgia é, por consequência, o
lugar privilegiado do encontro dos cristãos com Deus e com aquele que
Ele enviou, Jesus Cristo".
“Nesta linha, gostaria apenas de
mencionar um momento que, durante a própria liturgia, nos chama e nos
ajuda a encontrar tal concordância, esta conformidade a isso que
escutamos, dizemos e fazemos na celebração da liturgia. Refiro-me ao
convite que faz o Celebrante primeiro da Oração Eucarística: “Sursum
corda”, elevar nossos corações fora do emaranhado de nossas
preocupações, nossos desejos, nossos anseios, nossa distração. O nosso
coração, o íntimo de nós mesmos, deve abrir-se obediente à Palavra de
Deus e recolher-se na oração da Igreja, para receber sua orientação a
Deus pelas palavras que escuta e diz. O olhar para o coração deve
dirigir-se ao Senhor, que está no meio de nós: é uma disposição
fundamental”.
Finalizando seu discurso de hoje o Papa disse aos
fiéis e peregrinos na manhã de hoje em Roma: “celebramos e vivemos bem a
liturgia somente se permanecemos em atitude de oração, não se queremos
“fazer qualquer coisa”, vermos ou agir, mas se voltamos o nosso coração a
Deus e estamos em atitude de oração que nos une ao mistério de Cristo e
ao seu diálogo de Filho com o Pai. O próprio Deus nos ensina a rezar,
afirma São Paulo. Ele mesmo nos deu as palavras adequadas para nos
dirigirmos a Ele, palavras que encontramos no Livro dos Salmos, nas
grandes orações da sagrada liturgia e na própria Celebração eucarística”.
“Rezemos
ao Senhor para sermos cada dia mais conscientes, de fato, de que a
Liturgia é ação de Deus e do homem; oração que vem do Espírito Santo e
de nós mesmos, inteiramente voltada ao Pai, em união com o Filho de Deus
feito homem”, concluiu Bento XVI.
Fonte: http://www.acidigital.com
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